27 julho 2009

Ontem

Ontem foi dia dos Avós. Dos pais de meus pais, os vovôs, não me lembro muita coisa. Meu avô paterno, vô Antonio, um português grande, de rosto com bochechas coradas, sempre de suspensórios e a calça pra cima da cintura. Parecia um papai noel. Do vô Antenor, pai da minha mãe, também não são claras as lembranças. Sei que ele era tropeiro, com o rosto másculo e também bastante grande. Pelas fotos que vi, era lindão. Meio que á lá Zorba, O grego. Mas das minhas avós, dessas sim tenho muitas lembranças. Da vovó Guilhé, a portuguesa, a lembrança é que era muito magrinha, sempre de lenço na cabeça, amarrado embaixo do queixo, roupas que não variavam muito dos tons do cinza ao preto. Coloridos mesmo só os xales portugueses que costumava usar. Esses sim , alegres e muito coloridos. Lindos. Sempre que a visitávamos, geralmente nas férias, tinha uma parte da tarde que era reservada para vermos as fotos de família. O álbum, sempre na mesinha da televisão, ficava ao nosso alcance, mas ao mesmo tempo, inatingível. Não o pegávamos, sem a vovó por perto. Minha irmã, Cassia e eu sentávamos, uma de cada lado da vovó, ela abria o álbum e começava a viagem no tempo. Era delicioso. As fotos, amareladas, eram sempre as mesmas, mas as histórias que ela contava de cada pessoa nelas, tinham sempre um tantinho a mais que da vez anterior. Vovó Guilhé era brava, altiva, mandona. Era ela quem ditava as ordens no galinheiro. A verdadeira MATRIARCA. Mas é claro, como toda vó, um doce de pessoa. Sempre carinhosa com os pequenos. Gostava de nos ensinar umas musiquinhas estranhas das brincadeiras infantis da terra dela. Estranhas, mas que adorávamos.

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