27 julho 2009

retrato de familia


Vovó Lili, mãe da mamãe, era a meiguice em pessoa. É dela uma linda história de amor que ouvi muitas vezes. Ela casou muito menina e sem conhecer meu avô. Não aceitava aquele homem querendo lhe dar ordens, uma vez que estava acostumada a viver solta pelo sítio, às voltas com seus bichos. Até que uma vez, ele saiu em viagem, tropeiro que era e demorou muito para voltar. Depois de algum tempo, quando ele chegou na porteira do sítio, de longe minha avó o viu, correu ao seu encontro e quando chegou perto do cavalo que ele montava, ergueu os braços para o vovô. Ele não se fez de rogado, pegou-a e colocou-a junto dele na sela. Ali, segundo minha mãe, começou um grande amor. Se amaram muito enquanto viveram. Que lindo! Vovó gostava e sabia muito fazer crochê. Eu ficava encantada de vê-la crochetando sem nem olhar para o trabalho e conversando numa boa com a gente. Tenho uma colcha lindíssima feita por ela. Fumava bastante, cigarros fortes, porque outros não lhe valiam de nada. Acompanhava pelas rádio, inúmeras radionovelas, dramas. Era incrível como não se esquecia dos nomes, horários, estações. Seguia todas. O dia todo. Foi para ela que mostrei, já usando, meu primeiro sutiã. Ela me abraçou e disse."Meu bonecão está ficando uma moçona" Rapidamente eu disse, que aquilo não significava que deixava de ser seu bonecão. Nunca. A pessoa mais doce que conheci. Inteligente, de prosa solta. Adorava meu pai, que sempre teve por ela, um carinho enorme. Lindas essas mulheres da minha vida. Inesquecíveis. Uma forte sem ser dura, outra doce, mas com muita opinião.

Um comentário:

Fla disse...

Que história linda...
=)
Bjs
Fla