02 setembro 2009

Merendeira


Quando trabalhava em uma escola profissionalizante, a merendeira de lá era uma pessoa incrível. Como eu era da Comissão Interna de Saúde e Higiene, CISHI, tínhamos um estreito relacionamento. Uma de minhas atribuições, como membro dessa comissão, era todo dia dar uma olhada nas marmitas que os alunos traziam de casa para verificar se estava em conformidade com uma boa refeição. Se estava faltando algum grupo alimentar, eu completava com a merenda da própria escola, feita por essa pessoa. Nesse vai e vem, eu e a merendeira conversávamos muito. Um dia ela me disse que seu filho, na época com cinco anos, havia acordado durante a noite querendo comer pão com ovo frito e ela não tinha o tal do ovo. Por esse motivo, o menino deu bastante trabalho para voltar a dormir e ela estava exausta. Eu disse que não acreditava nisso, que achava que era um absurdo, tínhamos intimidade suficiente para que lhe dissesse isso. "O metabolismo dele precisa de repouso", disse-lhe eu, e que não era saudável ela fomentar esse costume. Então, para surpresa minha, ela disse que esse hábito, ele já o tinha há muitos anos, desde o tempo da mamadeira. Nossa!. Não acreditei. Disse-lhe que em alguns anos, ele necessitaria de refeição completa durante a noite, ou seja, arroz, feijão, carne de panela. Até, quem sabe, um bom e gostoso churrasco noturno. Ela então riu e disse que eu estava exagerando. Mas não estava não. Outro dia, vi na televisão que muitas pessoas tem verdadeira compulsão por essas refeições noturnas. Logo me lembrei da merendeira e seu filho. Ele, agora deve ter seus trinta anos. Sabe-se lá o que anda comendo durante a noite. Uma coisa ela me disse. Não tiraria esse costume dele, pois tinha muita pena em não atender-lhe o pedido. Argumentei que ela tinha então de pensar nela, pois uma pessoa que trabalhava tanto durante o dia, merecia e precisava descansar durante a noite. Qual o quê. Ela achava que estava certa em agir assim. Até onde sei, ele era já um moção e o costume ainda perdurava. Quem sabe uma macarronadinha, um bifinho à cavalo ou mesmo uma feijoada completa. Sei lá, sabe. É de pequenino que se torce o pepino, já dizia minha mãe.

2 comentários:

Fla disse...

Vixe eu vi essa reportagem também.
E primeiro que eu acho que criança não ter que ter vontade própria...kkkk. Se fosse meu filho claro que eu não deixaria ter um costume assim, pensando pelo bem dele mesmo.
Concordo contigo.
Beijão
Fla

Nane Cabral disse...

Olá Welze, concordo plenamente, acho que certos pais colocam costumes e manias nos filhos, criança não sabe muitas coisas, os pais que colocam essas más manias neles. E o pior, é que depois, muitos dos pais reclamam que n conseguem tirar... ai ai... bjos, Nane www.vovoqueensinou.blogspot.com