16 dezembro 2010

AS MENINAS E A PASSARELLA

Essa história aconteceu com minha mãe e minha tia Mulata. A origem desse apelido nunca foi explicada à família. Minha tia tinha a pele branca, se chamava Conceição mas todos a conheciam por Mulata. Ela e minha mãe, tinham a mesma idade e se casaram muito novas na mesma época. Os maridos, meu pai e seu irmão, eram portugueses, meio brutos, mas boníssimos. Saiam para trabalhar logo pela manhã e as duas, muito amigas, cuidavam das casas e feito isso, tinham o tempo do mundo para divertirem-se juntas. Uma vez, numa tarde encalorada, resolveram abrir uma garrafa de PASSARELLA. Sabiam que era uma bebida forte, mas a visão de uvas passa no fundo daquela garrafa tão linda, foi o suficiente para não pensarem nas consequências. Tristes e dolorosas consequências. De golinho em golinho, aos pés de uma árvore, numa deliciosa sombra, tomaram a tal da Passarella ou grapa. Sem se aperceberem, tomaram a garrafa toda. A tal bebida era pinga envelhecida com uva passa. Já perceberam o resultado não é mesmo? Sem conseguirem sair debaixo da árvore, achando que o mundo tinha acabado em barranco, ficaram ali a tarde toda até os respectivos maridos chegarem e vê-las naquele estado inimaginável. Sem outra alternativa, levaram as moças para dentro, deitaram-nas na cama e cuidaram de seus próprios jantares. Na manhã seguinte, aos choros de dor de cabeça e arrependimentos, juraram uma para a outra, nunca mais sequer passarem perto de uma garrafa de Passarella. Qual o que, isso foi como dor de parto. Depois que a ressaca passou, de vez em quando, arriscavam alguns golinhos da bebida, mas sem perderem a estribeira.

2 comentários:

Néia Lambert disse...

Nem nunca tomou um pilequinho na vida não sabe a delícia de viver umas horinhas no país das maravilhas, rsrs.
Beijinhos

Vicentina disse...

Amei a história kkkkk, e pelo jeito, gostaram e muito, porque sempre tomavam uns golinhos.
Bjs