17 novembro 2010

MINHA IDEIA É MEU PINCEL

















Conheci essa tela nessas duas versões. Mas confesso que nem uma nem outra me agradaram. Acho-as meio que tristes. Parecem, não moças dançando, como o título diz, mas jovens presas em alguma trama. Parecem querer sair sem o conseguir. Não vejo rostos alegres. Mas me lembra uma outra obra prima. Uma toalha de croche, redonda, para mesa de centro, branca, em linha fina. Era uma peça maravilhosa. Nunca vi igual em outro lugar. Era uma coisa de louco. Pelo que me lembro, foi feita por vovó Lili, minha avó materna e dada de presente para minha tia Zenaide, sua nora. Toda vez que ia à casa dessa tia, ficava horas admirando essa obra de arte, mesmo na minha tenra idade. A toalha redonda, de ponto bem fechado, fazia surgir em vários pontos, perto de sua barra, diversos cisnes em alto relevo. Eles eram cheios de algodão, o que lhes dava sustentação para ficarem em pé. Tinham asas separadas do corpinho, pescoço longo, como o da ave real, bico também longo e olhos pretos. Pareciam vivos. Não me cansava de olhar para eles. Tia Zenaide colocava no centro dessa mesinha, em cima da toalha, um maravilhoso jarro de cristal transparente, sempre com água fresca e flores naturais. Os cisnes à volta do jarro, pareciam dançar, mas sem poder sair dali. Daí a lembrança dessa toalha, ao ver a tela de EDGAR DEGAS, Les Danseuses Bleues.

16 comentários:

Anônimo disse...

Welze, que interessante as associações que a gente faz no decorrer da vida! Veja só o que esse quadro te fez lembrar!Impressionante essa tua recordação infantil, a sensação de aprisionamento. É assim que a gente se sente quando é criança e os adultos nos impedem de fazer alguma coisa que queremos. Muito bom o texto, ótima blogagem. Bjsssss

Glorinha L de Lion disse...

Queridona! Você é única sabia?
Tua sensibilidade por detrás dessa fachada de mulher forte, que segura todas as barras da vida, dançando conforme a música. És mulher-bailarina( afinal, não somos todas?) que dança seus passos loucos, ao som da música que a vida toca...ora suavemente, ora um tango, noutras um xaxado...e eu e minha orquestra te agradecemos emocionados, prima-dona! Amei minha amada amiga tua associação com a vida real das tuas lembranças. Beijos enooormes!

Leci Irene disse...

Welze, por onde andará tão linda toalha? Será que não valeria a pena ter contigo, pelo menos uma parecida????

Socorro Melo disse...

Welze,

É, não tinha percebido isso, as moças parecem tristes, ou pelo menos, não demonstram alegria. Talvez seja pela concentração desse momento.
Fiquei imaginando a tolha de mesa, e da maneira como você a descreveu, devia ser linda mesmo.

Beijos, amiga!
Socorro Melo

Unknown disse...

Welze
eu acho tão bacana as suas recordações
pessoas que te amaram muito e que foram importantes pra você também.
Gostei de conhecer você mais um pouquinho e de saber que tinha uma vovó Lili.
Minha mãe também é Lili, e alguns me chamam de Lili, também.
Welze, um grande abraço

Patrícia Gomes disse...

É por essas e outras que amo a arte, seja ela qual for, porque na verdade ela toca nossos sentido, que entendem o que ela diz realmente, mas que nos permite sentir de forma alheia ao que o autor queis passar, como no teu caso, né frô.
Adoooro! ;oD

Xerinhos
Paty

orvalho do ceu disse...

Olá, Welze querida
Também já vi uma toalha assim num tempo tão longinquo...
Esses trabalhos artesanais envolvendo criativadade só podem mesmo serem associados à Tela em questão... tão envolventes... que belas lembranças me troxue vc, amiga!!!
Bjs e votos de saúde e paz.

Isadora disse...

Welze muito interessante a sua visão sobre a obra, a opressão sentida. Porém de tudo, a tela te trouxe lembranças, boas, da arte feita por sua avó!
Fiquei imaginando a toalha, com o vaso e os cisnes.
Um beijo

pensandoemfamilia disse...

Que interessante o quadro fez brotar emoções contidas no seu ser. Elas (bailarinas) estão presas sim, em si mesmas como os seus cisnes. Eu conheçi peça semelhante na minha infãncia.
bjs

"Manjares da Manu" disse...

Obrigado pela visita!!!O seu bonitão ficou com um tiquinho de medo???? Esses homens não gostam de ser caronas!!!rsrs

BJs...

Unknown disse...

Oi Welze!

Muito interessante a sua visão da opressão na tela, não tinha pensado assim. Também gostei das lembranças que você descreveu.
Parabéns! Lindo post.

Beijos
Lia
Blog Reticências...

Cristina Paulo disse...

Um olhar e sentir únicos :)
Adorei a parte da toalha...a minha avó tinha um centro de mesa assim...oval branco, com cisnes feitos em tricote...eu sentia o mesmo...
Namasté

Maria Célia disse...

Oi Welze
Parabéns pela linda descrição feita sobre esta tela do Degas.
A comparação com a toalha da sua avó foi um encanto.
Bjos

Susana Vitorino disse...

Welze, as avós são o Degas dos nossos corações.

Obrigada. tenho tantas saudades das minhas, que por sinal também faziam belas toalhas...

ABraço no coração*

Luma Rosa disse...

Welze, também tive essa sensação de que as moças estão presas e quando olho para as suas saias rodadas, vejo uma espécie de mar que as aprisionam - ou fazendo com que elas sejam moças iguais e sem distinção! Bom fim de semana! Beijus,

Malu Machado disse...

Olá Welze,

Tb senti essas moças tristes. Interessante a sua associação com a toalha de crochê. É uma mesma cena que se repete, não é?

Um beijo grande,