Tive um professor de Sociologia, em Salvador, no Centro Integrado Conselheiro Luiz Viana, que me contou uma passagem de sua vida que me emocionou e ainda me emociona, sempre que dela me lembro. Veio para o Brasil com a família, ainda pequenino, fugidos da guerra em seu país, num navio onde os outros passageiros, estavam no mesmo barco, também eram refugiados da guerra. Os adultos, não se falavam entre si. Por medo, por cuidado ou simplesmente por não se entenderem. Uns não falavam o idioma dos outros. Mas com as crianças, isso não acontecia. Todas, sem noção de perigo, ávidas por brincadeiras, se divertiam com PEGA PEGA, CORRE LENÇO, PASSA ANEL, ESCONDE ESCONDE, CABRA CEGA e até com algumas musiquinhas, que mesmo não entendendo as letras, batiam palmas e dançavam. Essa lembrança me trouxe outra também muito feliz. Num jantar alemão, encontramos com pessoas falando vários idiomas. No italiano, francês, espanhol e inglês, até que me viro, mas no alemão, em por sonho ou em sonho. Mas para me comunicar com os alemães que estavam à minha volta, não precisei recorrer à minha cucla ou ao genro, que dominam o idioma. Foi na base de expressões faciais e gestos que batemos longos papos durante a reunião festiva. Para sinalizar o frio que começava a apertar, bastou me abraçar e dar uma tremidinha. Fui entendida. Para dizer que a comida estava ótima, bastou juntar os cinco dedos num bico formado pelos lábios e depois estalar os dedos, que eles logo repetiram o gesto, sorrindo e fazendo sinal de positivo. Depois de uma dança típica, quando voltavam à mesa, eu batia palmas e eles sabiam que aquilo me encantara. Mas nem precisaria muita coisa. Era só sorrir. E de quebra dar uma piscadela. O papo estava lançado. Não há idioma que não conheça ou entenda o sorriso. A alegria no rosto. É mundial. É único. É universal. É maravilhoso.
6 comentários:
Welze e saber que tem tanta gente que perde a oportunidade de se fazer entender através do sorriso. Existe meio de comunicação mais lindo? e o melhor é saber que até através das palavras podemos fazer isso. É o que acontece quando venho aqui, te vejo sorrindo.
Beijos
Oi Welze
Voce me fez lembrar da minha saudosa mãe. Ela era iugoslava e surda. Pegou meningite no navio que a trazia para o Brasil e foi irreversível, ainda mais naquela época. Foi surda a vida inteira a partir dos seus 12 anos, mas isso não a impediu de conhecer o futuro marido, meu saudoso pai, brasileiro, e com um simples sorriso o conquistou e viveram por 50 anos juntos. A história é longa, mas um sorriso é tudo nessa vida, é um convite ao amor, à amizade, à união,à educação. Sorrir é muito bom, nos faz bem. Adorei sua história de hoje...bjos
É por isso que existe essa tão conhecida frase,(que por sinal eu adoro):
"O sorriso é um idioma universal.
A qualquer hora,em cada lugar,todos o compreendem..."
:)
Bj!
Welze,
Achei bastante interessante, a história do navio de imigrantes. Você retratou de forma maravilhosa, a linguagem utilizada pelas crianças. E no jantar com os alemães, se saiu bem pra caramba, né? Fiquei imaginando você, e os gestos que utilizou, e o feedback que teve. Parabéns!
Beijos
Socorro Melo
Oi Welze!
Como deixamos de nos comunicar nos fechando em nós mesmos! Você é que está certa não desperdiça sua alegria! É, devemos estar abertos ao outro, a frestinha da porta é o sorriso!
Postar um comentário